A liquidação global de ações se aprofundou nesta segunda-feira (8), enquanto investidores abandonam papéis de risco diante do agravamento da guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e intensificada pela retaliação da China com tarifas de 34% sobre produtos americanos.
Diferente de momentos anteriores, a Casa Branca não demonstrou qualquer intenção de recuar diante da destruição de valor no mercado. “Às vezes, você precisa tomar remédio para consertar alguma coisa”, disse Trump no domingo, após um fim de semana de golfe. A declaração ressoou como um aviso: a dor no mercado pode continuar.
A resposta do mercado foi imediata. Os futuros do S&P 500 recuaram mais 4%, caminhando para o território de bear market. O índice VIX, conhecido como “índice do medo”, disparou para 60 pontos, maior nível desde agosto passado.
A queda não se limitou aos EUA. O índice Hang Seng de Hong Kong caiu 13%, a maior perda em um único dia desde a crise de 1997. Em Taiwan, a bolsa desabou quase 10%, e o CSI 300 da China perdeu 7%. O pânico também tomou conta da Europa, com o Stoxx 600 caindo 5,3% e o DAX da Alemanha recuando 9,4%.
Empresas de tecnologia norte-americanas, antes consideradas porto seguro, agora estão no centro do vendaval: Apple (-6,4%), Nvidia (-7,7%) e outras gigantes acumulam perdas superiores a 25% desde os picos de dezembro.
A crença de que Trump recuaria diante de uma queda acentuada no mercado — o chamado “Trump put” — desapareceu. Em vez disso, a administração norte-americana dobrou a aposta, e os investidores perceberam que não há colchão político ou monetário no curto prazo.
O Federal Reserve também parece cauteloso. Apesar de reconhecer a incerteza crescente, Jerome Powell reforçou que não há justificativa clara para cortes emergenciais, enfatizando os riscos inflacionários das tarifas.
Economistas alertam que a guerra comercial vai além das tarifas sobre bens. Os países agora consideram retaliar nos setores mais valiosos para os EUA: serviços, propriedade intelectual e tecnologia.
A França já pediu que suas empresas interrompam investimentos nos EUA. A UE considera usar seu “Instrumento Anticoerção” para restringir o acesso de empresas americanas a contratos públicos, proteção de patentes e serviços financeiros no bloco.
O foco dos próximos dias estará nos balanços trimestrais das empresas americanas, que podem trazer revisões negativas, cortes de guidance e uma avalanche de más notícias.
“Esperamos que muitas empresas sejam forçadas a rever projeções de lucro e margens, pressionadas por custos mais altos e incerteza global”, escreveu o Goldman Sachs, que revisou a chance de recessão nos EUA para 45%.
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