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EUA enfrentam risco de estagflação com gastos moderados e inflação em alta

Inflação elevada e guerra comercial aumentam temores de estagflação nos EUA

28/03/2025 14h09 Atualizada há 3 semanas
Por: Redação
EUA enfrentam risco de estagflação com gastos moderados e inflação em alta

O consumo nos Estados Unidos cresceu abaixo do esperado em fevereiro, enquanto os preços subjacentes registraram a maior alta em 13 meses, reforçando temores de que a economia esteja entrando em um período de crescimento fraco e inflação elevada. A situação se agrava em meio à escalada da guerra comercial impulsionada pelo governo Trump.

Uma pesquisa da Universidade de Michigan revelou que as expectativas de inflação dos consumidores para os próximos 12 meses atingiram o maior nível em quase dois anos e meio, e a previsão de inflação elevada nos próximos cinco anos também aumentou. Economistas alertam que a política protecionista de Trump, marcada por sucessivas tarifas desde sua posse, tende a encarecer os produtos importados e pressionar ainda mais os preços nos próximos meses.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, admitiu que a inflação tem subido “em parte como reflexo das tarifas” e alertou que o progresso na contenção dos preços pode ser mais lento do que o esperado. Isso levanta dúvidas sobre a possibilidade de o Fed cortar os juros em junho, como vinha sendo projetado pelos mercados.

Os gastos do consumidor, que representam mais de dois terços da economia americana, subiram 0,4% em fevereiro, após uma queda revisada de 0,3% em janeiro. O avanço foi puxado por um aumento de 1,4% nas compras de bens duráveis, como automóveis, móveis e eletrônicos. No entanto, o consumo de serviços cresceu apenas 0,2%, com quedas expressivas em restaurantes, hotéis e instituições sem fins lucrativos, refletindo o impacto dos cortes de orçamento do governo.

Paralelamente, Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre automóveis importados, que entra em vigor na próxima semana. Analistas alertam que o impacto dessas medidas pode prejudicar o crescimento econômico. Além disso, as demissões em massa promovidas pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado pelo bilionário Elon Musk, trouxeram ainda mais instabilidade, com milhares de funcionários sendo dispensados e posteriormente reintegrados por decisões judiciais.

No mercado financeiro, os índices de ações caíram, o dólar perdeu força, e os rendimentos dos títulos do Tesouro americano recuaram.

A escalada tarifária e a expectativa de retaliações dos parceiros comerciais dos EUA aumentam os riscos de estagflação e até mesmo recessão. Empresas anteciparam importações para evitar tarifas, impulsionando um déficit comercial maior, enquanto Trump continua a defender as taxas como estratégia para gerar receita e revitalizar a indústria americana.

No entanto, economistas alertam que as tarifas são inflacionárias. A pesquisa da Universidade de Michigan mostrou que as expectativas de inflação para os próximos 12 meses subiram para 5,0%, contra 4,3% no mês anterior. Para os próximos cinco anos, a inflação esperada subiu para 4,1%, o maior patamar desde 1993.

O relatório do Bureau of Economic Analysis (BEA) apontou que o índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) subiu 0,3% em fevereiro, repetindo o avanço de janeiro. A inflação foi impulsionada pelos preços de bens recreativos, veículos, roupas e moradia. No acumulado de 12 meses, o PCE avançou 2,5%, enquanto a inflação básica (excluindo alimentos e energia) subiu 2,8%, a maior desde janeiro de 2024.

O JP Morgan revisou sua projeção para a inflação básica do PCE de 2,8% para 3,1% devido ao impacto das tarifas. Já o Goldman Sachs reduziu a projeção de crescimento do PIB de 1,0% para 0,6%, enquanto o Fed de Atlanta prevê uma contração de 2,8% no primeiro trimestre.

Diante desse cenário, os riscos de um trimestre negativo para a economia americana aumentam, levantando preocupações sobre o impacto das políticas comerciais e monetárias nos próximos meses.

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