As bolsas de valores dos Estados Unidos operam em queda nesta terça-feira, interrompendo uma sequência de dois dias de ganhos. O movimento reflete a cautela dos investidores antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), além das incertezas sobre o impacto das tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump.
O Fed divulgará sua nova decisão nesta quarta-feira, e a expectativa predominante é de manutenção das taxas de juros. No entanto, os mercados já precificam cerca de 60 pontos-base em cortes para este ano, mesmo com membros do banco central alertando que é cedo para ajustes. Os dirigentes indicaram que preferem avaliar primeiro os efeitos das tarifas antes de alterar a política monetária.
Diante desse cenário, o Dow Jones caiu 223,95 pontos (-0,54%), fechando a 41.617,68. O S&P 500 recuou 55,65 pontos (-0,98%), para 5.619,36, enquanto o Nasdaq Composite teve a maior queda percentual do dia, perdendo 283,15 pontos (-1,58%), para 17.525,52.
Outro fator que gerou preocupação nos mercados foi a divulgação do índice de preços de importação dos EUA, que subiu inesperadamente em fevereiro devido ao aumento dos custos de bens de consumo, reforçando os temores com a inflação.
Os principais índices de Wall Street tentavam se recuperar após semanas de perdas, levando o S&P 500 e o Nasdaq a uma queda superior a 10% em relação às máximas recentes — um patamar tecnicamente considerado território de correção. Já o Dow Jones está pouco mais de 2% abaixo desse nível.
O setor de ações de crescimento foi um dos mais atingidos, com o índice de crescimento do S&P 500 caindo mais de 2% em determinado momento do pregão. Entre os 11 principais setores do S&P, o de serviços de comunicação teve o pior desempenho.
No cenário geopolítico, a Casa Branca anunciou que Donald Trump e Vladimir Putin chegaram a um acordo para um cessar-fogo limitado de 30 dias na Ucrânia, que restringe ataques a infraestrutura e alvos energéticos. Enquanto isso, negociações para um plano de paz mais abrangente devem começar imediatamente.
Entre as ações individuais, a Alphabet (GOOGL.O) recuou 2,6% após anunciar a aquisição da Wiz por US$ 32 bilhões, o maior negócio da história da empresa, como parte de sua expansão em segurança cibernética. Já a Nvidia (NVDA.O) caiu 2,3%, com os investidores aguardando detalhes sobre seu novo chip de inteligência artificial, que será apresentado na conferência anual da empresa.
A Tesla (TSLA.O) registrou a maior queda do dia entre as gigantes de tecnologia, despencando 5,1% depois que o RBC reduziu o preço-alvo de suas ações. O banco sinalizou que a fabricante de veículos elétricos está perdendo participação de mercado na China e na Europa, acendendo um alerta para os investidores.
Com o clima de aversão ao risco, os investidores buscaram ativos de segurança, impulsionando o ouro para um novo patamar recorde acima de US$ 3.000 por onça, mantendo a trajetória de alta observada desde a semana passada.
Na Bolsa de Nova York (NYSE), os papéis em baixa superaram os em alta em uma proporção de 1,77 para 1, enquanto no Nasdaq, essa relação foi ainda maior, de 2,09 para 1. O S&P 500 registrou quatro novas máximas e quatro novas mínimas em 52 semanas, enquanto o Nasdaq Composite contabilizou 29 novas máximas e 126 novas mínimas.
Os mercados seguem atentos à decisão do Fed, que pode trazer novas direções para o cenário econômico e impactar o rumo de Wall Street nos próximos dias.