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Internacional Geopolítica

Rússia avalia proposta dos EUA para cessar-fogo na Ucrânia, enquanto Trump recebe sinais positivos

Moscou exige garantias e avanços territoriais sejam considerados antes de qualquer trégua

12/03/2025 16h25 Atualizada há 1 mês
Por: Redação
Presidente russo Vladimir Putin em Moscou 17/2/2025 Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via REUTERS
Presidente russo Vladimir Putin em Moscou 17/2/2025 Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via REUTERS

O Kremlin afirmou na quarta-feira que está aguardando detalhes de Washington sobre a proposta de um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia antes de dar uma resposta oficial. A iniciativa foi discutida durante negociações na Arábia Saudita, onde os EUA concordaram em retomar o fornecimento de armas e o compartilhamento de inteligência com Kiev, após a Ucrânia indicar apoio à trégua.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, expressou otimismo e disse que espera que um acordo seja fechado dentro de alguns dias. "É assim que gostaríamos que o mundo estivesse em alguns dias: nenhum dos lados atirando um no outro, nem foguetes, nem mísseis, nem balas, nada... e a conversa começa.", declarou Rubio.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia está estudando cuidadosamente os resultados das negociações e espera esclarecimentos do governo dos EUA, especialmente de Rubio e do Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz. Mais tarde, a Casa Branca confirmou que Waltz já conversou com seu colega russo sobre a proposta.

Fontes do governo russo indicam que qualquer acordo de cessar-fogo precisará levar em conta os avanços da Rússia no conflito e abordar suas preocupações estratégicas.

Em Washington, o presidente Donald Trump afirmou que recebeu mensagens positivas sobre uma possível trégua, mas não forneceu detalhes adicionais.

Desde que as forças russas ampliaram sua presença na Ucrânia em 2024, Trump tem trabalhado para reverter a política de Washington sobre a guerra, iniciando negociações diretas com Moscou e suspendendo o apoio militar à Ucrânia, condicionando sua retomada a um compromisso para encerrar o conflito.

Rubio enfatizou que a Europa terá um papel crucial no fornecimento de garantias de segurança para Kiev e sugeriu que as sanções econômicas europeias contra a Rússia também podem ser revisadas como parte do acordo.

O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, disse que cerca de 15 países expressaram interesse em discutir uma nova arquitetura de segurança para a Ucrânia.

Quando questionado sobre se a Rússia aceitaria o cessar-fogo incondicionalmente, Rubio respondeu: "É isso que queremos saber: se eles estão preparados para fazê-lo incondicionalmente."

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, descreveu as conversas na Arábia Saudita como "construtivas" e afirmou que um cessar-fogo de 30 dias poderia servir como base para negociações mais amplas de paz.

No entanto, a Ucrânia parece estar perdendo terreno militarmente na região russa de Kursk, com relatos de retirada de tropas ucranianas diante dos avanços russos. De acordo com um relatório do grupo de mídia russo Agentstvo, a Ucrânia controla agora apenas 150 km² de território em Kursk, uma queda significativa em relação aos 1.376 km² controlados no ano passado.

O presidente Vladimir Putin já declarou diversas vezes estar aberto a negociações, e Trump acredita que o líder russo está falando sério, apesar de outros líderes ocidentais discordarem dessa avaliação.

Fontes russas indicam que Putin dificilmente aceitará um cessar-fogo sem que seus interesses sejam garantidos, incluindo a formalização dos avanços territoriais russos e a renúncia da Ucrânia ao seu plano de adesão à OTAN.

O presidente do Comitê de Assuntos Internacionais do Conselho da Federação da Rússia, Konstantin Kosachev, reforçou que qualquer acordo precisa reconhecer os ganhos territoriais de Moscou. "Os verdadeiros acordos ainda estão sendo escritos no campo de batalha. Isso deve ser entendido em Washington também.", escreveu Kosachev no Telegram.

Em junho, Putin apresentou suas exigências para a paz, incluindo:

  • A Ucrânia deve oficialmente desistir de ingressar na OTAN.
  • Retirada das forças ucranianas de quatro regiões ocupadas pela Rússia, que hoje representam cerca de um quinto do território ucraniano.

Por outro lado, Kiev rejeita qualquer acordo que reconheça a soberania russa sobre essas regiões e insiste que as áreas foram anexadas ilegalmente.

O que esperar das próximas negociações?

Os próximos dias serão decisivos para a diplomacia global, à medida que:

  • Rússia avalia a proposta de cessar-fogo antes de responder oficialmente.
  • EUA e Europa discutem garantias de segurança para a Ucrânia.
  • Putin mantém sua posição de que qualquer acordo deve reconhecer os avanços russos no conflito.
  • Zelenskiy tenta usar a trégua para ampliar as negociações de paz.

A guerra na Ucrânia, iniciada em 2022, continua sendo um dos maiores desafios geopolíticos da atualidade. As próximas reuniões entre Moscou, Washington e Kiev poderão definir se um cessar-fogo temporário evoluirá para um acordo duradouro ou se a guerra seguirá seu curso com novos avanços russos.

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