Os preços do petróleo estão em alta após a Arábia Saudita anunciar um aumento significativo em seus preços oficiais de venda para o mercado asiático. O movimento, que surpreendeu os participantes do mercado, reverte a redução de preços feita em janeiro e reflete as pressões geopolíticas e comerciais que impactam a oferta global de petróleo.
A Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, decidiu aumentar o preço de venda do Arab Light – seu principal tipo de petróleo – para clientes na Ásia em 60 centavos de dólar por barril em fevereiro, em comparação com janeiro. Com isso, os clientes asiáticos pagarão um prêmio de US$ 1,5 por barril sobre o benchmark Omã/Dubai.
Na Europa, o aumento também foi significativo: o preço subiu em US$ 1,3 por barril em relação ao Brent, o principal benchmark europeu.
Segundo Carsten Fritsch, analista de commodities do Commerzbank, o aumento nos OSPs pode ter sido motivado por fatores geopolíticos, especialmente as sanções impostas a Rússia e Irã:
Petróleo iraniano: As sanções dos Estados Unidos têm limitado as exportações de petróleo iraniano, o que eleva o preço da commodity no mercado global.
Menor oferta da Rússia: As sanções ocidentais contra a "frota subterrânea" de navios russos – que transportam petróleo sem respeitar o teto de preços imposto pelo G7 – também reduzem a oferta de petróleo disponível.
Esses dois fatores estão pressionando a oferta de petróleo no mercado, o que pode ter levado a Arábia Saudita a adotar uma postura mais firme no ajuste de preços, aproveitando o momento de maior demanda.
Enquanto aumentou os preços na Ásia e Europa, a Arábia Saudita tomou a decisão oposta em relação ao mercado norte-americano. O prêmio de preço para os clientes dos Estados Unidos foi reduzido em 30 centavos de dólar por barril, atingindo US$ 3,5 por barril, o menor nível em quase três anos.
Essa redução pode ser uma estratégia para manter a competitividade no mercado dos EUA, onde os produtores de petróleo de xisto continuam sendo fortes concorrentes. A Arábia Saudita, ao reduzir o prêmio, tenta evitar perder participação de mercado para os produtores norte-americanos.
A decisão saudita sinaliza uma tentativa de reajustar o equilíbrio de oferta e demanda global em um momento em que o mercado ainda enfrenta incertezas relacionadas às sanções e às políticas de corte de produção da OPEP+.
Esse movimento de preços também pode pressionar os compradores asiáticos e europeus a buscar alternativas em mercados mais restritos, como a Rússia e o Irã, ou a aumentar seus estoques estratégicos para evitar novas surpresas de preços no futuro.