O preço do barril de petróleo Brent, principal referência global para os combustíveis, tem registrado queda nos últimos meses, criando um cenário de aparente estabilidade para os preços da gasolina e do diesel no Brasil. Para a Petrobras, isso significa menos pressão para reajustar seus preços — uma decisão que impacta diretamente o bolso dos brasileiros.
Com o barril flutuando entre US$ 70 e US$ 80, abaixo da média histórica, a expectativa de analistas é que a estatal mantenha sua política de preços sem grandes alterações em 2025. Esse "mar calmo", como definiu o diretor do CBIE, Bruno Pascon, é um alívio temporário, mas ainda existem incertezas, especialmente relacionadas ao comportamento do dólar.
A precificação dos combustíveis no país é diretamente influenciada pelo preço do Brent e pela cotação do dólar. Quando o barril de petróleo sobe, os custos de importação aumentam, pressionando a Petrobras a reajustar os preços. Porém, a atual queda do Brent trouxe um alívio que compensa a valorização recente do dólar.
O preço médio do Brent em 2025 deve permanecer em torno de US$ 75 por barril, segundo estimativas do CBIE e da StoneX. Esse valor é considerado confortável para evitar aumentos nos preços internos, principalmente em um cenário de menor demanda global por petróleo, impulsionado pela desaceleração econômica da China e pela transição energética.
O principal fator que explica a queda no preço do Brent é a demanda menor por petróleo no cenário global. A China, um dos maiores consumidores de energia do mundo, está passando por uma desaceleração econômica que reduz a procura pela commodity.
Além disso, a transição energética, com o aumento de investimentos em energias renováveis, também tem impactado o consumo de petróleo. Com uma perspectiva de menor uso de combustíveis fósseis nos próximos anos, o mercado projeta uma queda gradual nas cotações do Brent.
A queda do Brent é positiva para a Petrobras, pois diminui a pressão para que a estatal acompanhe os preços internacionais. Isso permite que a empresa mantenha uma política de preços mais competitiva internamente, evitando perdas de mercado para importadores e combustíveis concorrentes, como o etanol.
O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, reforçou essa visão ao afirmar que "não há pressa para reajustar os preços", já que a empresa considera estar em um "patamar confortável" de precificação.
Apesar do Brent em queda, o dólar segue como uma variável de risco para a Petrobras. A moeda americana fechou 2024 acima de R$ 6,00, após uma valorização de cerca de 20% no ano.
Esse cenário cria um dilema para a estatal. Se o dólar continuar subindo, os custos de importação de combustíveis também aumentam, o que pode forçar a Petrobras a reajustar seus preços, mesmo com o Brent em baixa.
Analistas apontam que 2025 será um ano de relativa estabilidade para os preços dos combustíveis no Brasil, desde que o Brent permaneça entre US$ 70 e US$ 80 por barril. Esse patamar é considerado suficiente para evitar reajustes bruscos por parte da Petrobras.
Contudo, é importante acompanhar o comportamento do dólar e eventuais mudanças na demanda global por petróleo. Um aumento inesperado na cotação do Brent ou uma nova crise cambial podem alterar completamente o cenário projetado.
A tendência de queda do Brent em 2025 é uma boa notícia para os consumidores brasileiros, pois reduz a pressão sobre os preços dos combustíveis. No entanto, o cenário ainda exige atenção. O dólar continua sendo um fator de risco importante, e mudanças na demanda global por petróleo podem influenciar as cotações de forma inesperada.
Para a Petrobras, o desafio será manter sua política de preços equilibrada, garantindo competitividade no mercado interno sem comprometer sua saúde financeira. Para o consumidor, a torcida é para que o Brent continue em queda — garantindo mais alívio no bolso em um ano que promete ser de transição econômica e energética.