Mark Carney, ex-banqueiro central e agora novo primeiro-ministro do Canadá, assumiu o cargo após uma vitória esmagadora no Partido Liberal, com 86% dos votos. Sua liderança começa em um momento delicado, marcado por tensões com os Estados Unidos, tarifas comerciais e a proximidade de eleições gerais.
Carney, que não tem experiência política eleitoral, é visto como a figura ideal para enfrentar o presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaçou impor tarifas punitivas ao Canadá e até mesmo sugeriu a anexação de territórios canadenses. Em resposta, Carney já sinalizou que adotará medidas retaliatórias, incluindo tarifas equivalentes sobre produtos americanos.
A tensão comercial entre os dois países deve se intensificar nesta semana, com os EUA aplicando uma tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio canadenses. Em contrapartida, o Canadá já impôs tarifas sobre US$ 30 bilhões em importações americanas. A província de Ontário, a mais populosa do país, anunciou uma sobre taxa de 25% sobre exportações de eletricidade para estados americanos como Nova York, Michigan e Minnesota.
Carney herdou um cenário político complexo. O Partido Liberal, após uma década no poder sob Justin Trudeau, enfrenta desgaste e uma oposição conservadora forte, liderada por Pierre Poilievre. No entanto, a volta de Trump à Casa Branca e as ameaças comerciais reacenderam o sentimento de unidade nacional, equilibrando as pesquisas eleitorais.
Internamente, Carney prometeu reformas significativas, como a eliminação do imposto sobre o carbono, a redução do imposto sobre ganhos de capital e a remoção de barreiras comerciais entre as províncias canadenses. Ele também planeja acelerar a construção de moradias e limitar os níveis de imigração, em resposta à crise habitacional e à insatisfação popular.
Com um governo que pode ter vida curta – já que a oposição promete derrubá-lo na primeira oportunidade –, Carney terá que equilibrar a gestão de crises externas com a necessidade de conquistar o apoio dos canadenses nas urnas. Sua habilidade em navegar por esses desafios definirá não apenas seu legado, mas também o futuro do Partido Liberal no país.