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Internacional Geopolítica

Líderes europeus ampliam gastos com defesa e reforçam apoio à Ucrânia em meio a incertezas sobre os EUA

Cúpula em Bruxelas discute investimento militar bilionário, mas veto da Hungria pode atrapalhar acordo sobre Kiev

06/03/2025 07h03 Atualizada há 3 dias
Por: Redação
CYRIL BITTON / DIVERGENCE FOR LE MONDE
CYRIL BITTON / DIVERGENCE FOR LE MONDE

Os líderes europeus pretendem aprovar medidas significativas para ampliar os gastos com defesa e reafirmar o apoio à Ucrânia nesta quinta-feira, durante uma cúpula da União Europeia (UE) em Bruxelas. A decisão ocorre após a suspensão da ajuda militar dos EUA a Kiev por Donald Trump, aumentando temores de que a Europa não possa mais contar com a proteção americana.

Os 27 países da UE estarão reunidos ao lado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em um gesto de solidariedade à Ucrânia. No entanto, a cúpula pode ser prejudicada pela resistência da Hungria, cujo primeiro-ministro Viktor Orbán ameaça vetar um acordo de apoio a Kiev.

O presidente dos EUA, Donald Trump, reafirmou o compromisso dos Estados Unidos com a OTAN, mas também cobrou que a Europa assuma maior responsabilidade por sua própria segurança. Sua postura mais conciliatória em relação a Moscou e a decisão de suspender a assistência militar americana à Ucrânia preocupam profundamente os europeus, que veem a Rússia como a maior ameaça à sua segurança.

"Quero acreditar que os Estados Unidos nos apoiarão. Mas temos que estar prontos se esse não for o caso." – disse o presidente francês Emmanuel Macron em um discurso antes da cúpula.

Macron também sugeriu que a França está aberta a discutir a possibilidade de estender sua proteção nuclear aos parceiros europeus, reforçando a necessidade de uma defesa independente do apoio americano.

A preocupação europeia já começou a se traduzir em ações concretas. Na terça-feira, os partidos que negociam a formação do novo governo da Alemanha concordaram em flexibilizar os limites de endividamento para liberar bilhões de euros em investimentos na área de defesa. Além disso, a Comissão Europeia propôs um plano que pode mobilizar até € 800 bilhões (US$ 862,9 bilhões) para fortalecer a segurança do continente, incluindo a possibilidade de tomar emprestado até € 150 bilhões (US$ 161,8 bilhões) para financiar governos da UE.

Embora a maioria dos líderes da UE queira garantir a Zelenskiy que o apoio europeu à Ucrânia continuará firme, há dificuldades para chegar a um consenso sobre valores e estrutura do financiamento militar.

A proposta da chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, prevê que cada país contribua proporcionalmente ao tamanho de sua economia, garantindo ao menos € 20 bilhões em ajuda militar à Ucrânia neste ano. No entanto, a medida tem sido alvo de críticas de países nórdicos, bálticos e da Holanda, que alegam que França, Itália e Espanha não estão contribuindo o suficiente.

Paris, Roma e Madri rejeitam essas acusações, afirmando que os números públicos não refletem o real valor de sua assistência militar a Kiev.

Um rascunho do texto da cúpula, visto pela Reuters, sugere que os líderes devem pedir um avanço rápido nas iniciativas de apoio militar, incluindo a coordenação liderada por Kallas.

No entanto, o documento pode não ser aprovado por unanimidade. O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, aliado de Trump e próximo do Kremlin, ameaça vetar qualquer nova ajuda à Ucrânia. Em uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, ele declarou que há “diferenças estratégicas irreconciliáveis” entre sua visão e a dos demais países da UE em relação a Kiev.

Diante da incerteza sobre o futuro do apoio dos EUA à Ucrânia, a Europa busca fortalecer suas próprias defesas, mas enfrenta desafios internos para aprovar novos financiamentos militares.

Com líderes pressionados por questões geopolíticas e orçamentárias, a cúpula de Bruxelas será um teste para a unidade da UE diante da crescente ameaça da Rússia e da mudança na postura americana.

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