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Internacional Geopolítica

Trump e Zelensky trocam farpas na Casa Branca e reunião termina sem acordo

Líderes discordam sobre guerra na Ucrânia, e Trump ameaça retirar apoio dos EUA

28/02/2025 16h07 Atualizada há 6 dias
Por: Redação
SAUL LOEB / AFP
SAUL LOEB / AFP

A reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, terminou em um conflito público na Casa Branca, nesta sexta-feira. O encontro, que tinha como objetivo fortalecer o apoio dos EUA à Ucrânia, se transformou em uma troca de acusações, evidenciando as tensões entre os dois países em relação à guerra contra a Rússia.

A visita de Zelensky foi planejada para garantir que os EUA não apoiassem Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia há três anos. No entanto, as divergências entre os dois líderes se tornaram explícitas, principalmente após Trump e o vice-presidente JD Vance defenderem uma solução diplomática para o conflito. Zelensky rebateu, afirmando que “não se pode confiar em Putin em nenhuma negociação”.

Após o encontro, Trump usou o Truth Social para criticar Zelensky: “Determinei que o Presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz.”

O presidente ucraniano deixou a Casa Branca sem assinar um acordo que previa um plano conjunto entre os dois países para o desenvolvimento de recursos naturais na Ucrânia. A ausência de um compromisso oficial frustrou aliados europeus, que pressionavam Trump a fornecer garantias de segurança para a Ucrânia, mesmo sem o envio de tropas americanas.

Durante o confronto, Trump afirmou que os EUA poderiam retirar o apoio militar à Ucrânia, deixando o país em uma situação ainda mais vulnerável diante da Rússia. "Ou vocês farão um acordo, ou nós estamos fora. Se estivermos fora, vocês lutarão. Não acho que será bonito.”

Trump ainda reforçou que Zelensky deveria ser mais grato pelo apoio já recebido e acusou o líder ucraniano de não reconhecer a ajuda fornecida pelos EUA. JD Vance também criticou Zelensky por contestar a posição de Washington: “Você não disse obrigado.”

Zelenskiy, exaltado, rebateu: “Eu disse muitas vezes obrigado ao povo americano.”

Os EUA e a Ucrânia vinham negociando um acordo para exploração de recursos naturais, que permitiria investimentos americanos no setor energético ucraniano. No entanto, o acordo não incluía garantias explícitas de segurança para Kiev, o que foi um grande revés para o governo ucraniano.

“Espero ser lembrado como um pacificador”, disse Trump, defendendo que os EUA precisam priorizar a reconstrução da Ucrânia, e não apenas o financiamento da guerra.

O acordo previa que 50% das receitas obtidas com a monetização de ativos naturais da Ucrânia seriam destinadas a um fundo de reconstrução gerenciado conjuntamente pelos dois países. No entanto, Zelensky se recusou a assinar, argumentando que não aceitaria um compromisso que pudesse endividar a Ucrânia por gerações.

Trump afirmou que os investimentos poderiam gerar centenas de bilhões de dólares, mas não especificou valores exatos ou quais ativos seriam explorados, mencionando apenas minérios, petróleo, gás natural e infraestrutura portuária.

O impasse entre Trump e Zelensky gera incertezas sobre o futuro do apoio ocidental à Ucrânia, em um momento em que as tropas russas seguem avançando lentamente. Desde a fracassada contraofensiva ucraniana de 2023, a Rússia consolidou sua ocupação sobre 20% do território ucraniano e tem obtido ganhos gradativos.

Enquanto isso, as forças ucranianas continuam altamente dependentes da ajuda militar estrangeira para manter a resistência. Apesar de ter expandido sua produção industrial de defesa, Kiev ainda enfrenta desafios na reposição de tropas para enfrentar um inimigo numericamente superior.

A reunião na Casa Branca também desestabiliza a posição da Ucrânia antes das negociações de Trump com Putin, aumentando os receios de que Trump possa aceitar um acordo que favoreça Moscou. Durante o encontro, Zelensky alertou: “Não faça concessões a um assassino.”

Trump, por outro lado, minimizou os riscos e reforçou que Putin quer um acordo de paz.

O desfecho da reunião marca um novo capítulo na relação entre os EUA e a Ucrânia, com a possibilidade de um realinhamento estratégico que pode ter implicações profundas no conflito com a Rússia e no futuro da segurança europeia.

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