O Dow Jones Industrial Average (DJIA) teve uma forte recuperação nesta quarta-feira, registrando um ganho de mais de 750 pontos em seu pico. Com essa alta, o índice conseguiu ultrapassar temporariamente a marca dos 43.000 pontos, sinalizando que o sentimento de risco está de volta aos mercados. Esse movimento positivo veio mesmo após o anúncio de que a inflação geral subiu em dezembro, com os investidores preferindo focar em dados que sugerem uma desaceleração nas pressões inflacionárias.
O principal impulso veio dos dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mostrou que a inflação geral subiu 2,9% em dezembro em relação ao ano anterior. Embora o aumento tenha sido ligeiramente superior à leitura anterior de 2,7%, o mercado já esperava essa aceleração, considerando a alta nos preços de alimentos e energia.
No entanto, a verdadeira surpresa veio no IPC principal, que exclui itens voláteis como alimentos e energia. Esse indicador caiu para 3,2% em termos anuais, superando as expectativas de estabilidade em 3,3%. Essa desaceleração do núcleo inflacionário é vista como um sinal positivo de que o Federal Reserve pode estar mais próximo de mudar sua postura agressiva de aumento de juros.
Os mercados financeiros costumam ignorar os preços de itens voláteis como alimentos e energia porque esses custos são fortemente influenciados por fatores externos, como choques na cadeia de suprimentos e eventos geopolíticos. O que realmente importa para o Fed são as pressões inflacionárias subjacentes — e, nesse aspecto, os números vieram melhores do que o esperado.
A desaceleração do núcleo da inflação aumentou as expectativas de que o Fed possa começar a cortar taxas de juros em breve. Segundo a ferramenta FedWatch da CME, a probabilidade de um corte na reunião de 29 de janeiro passou de 2,0% para 2,7% após os dados do IPC. Essa mudança na expectativa de política monetária é o principal motivo por trás da alta das ações.
A quarta-feira foi marcada por ganhos generalizados no Dow Jones, com todos, exceto cinco dos títulos listados no índice, negociando em alta durante o dia.
Destaque para o Goldman Sachs (GS), que registrou uma impressionante valorização de 6,5%, atingindo US$ 604 por ação. O banco de investimento divulgou lucros que alcançaram o maior patamar dos últimos três anos, impulsionando as ações em meio ao otimismo dos investidores.
Já a Honeywell International (HON) foi um dos poucos ativos que recuaram, caindo 0,6% para US$ 217 por ação. O movimento de queda foi atribuído a investidores realizando lucros após uma recente alta significativa da empresa.
A recuperação do Dow Jones mostra que o mercado está disposto a ignorar dados inflacionários preocupantes e se concentrar nas chances de um corte de juros. No entanto, é importante lembrar que o Fed ainda não sinalizou claramente essa mudança em sua política monetária.
Se o núcleo da inflação continuar desacelerando, as chances de um corte de juros em 2024 aumentam significativamente. Isso pode ser um combustível para mais ganhos no mercado acionário.
Por outro lado, se o Fed continuar focado em conter a inflação de maneira agressiva, os investidores podem enfrentar mais volatilidade nos próximos meses.
O forte desempenho do Dow Jones nesta quarta-feira traz um fôlego para os investidores que vinham enfrentando meses de volatilidade e preocupação com a inflação. No entanto, o rali pode ser temporário se o Fed não der sinais claros de que está disposto a cortar taxas de juros em breve.
Ainda assim, o otimismo voltou a prevalecer no mercado, com grandes investidores aumentando suas posições em ações. O foco agora estará na reunião do Fed no final de janeiro, que poderá confirmar ou frustrar as expectativas de corte de juros.
Se a desaceleração da inflação se mantiver, podemos ver o Dow Jones e outros índices de ações continuarem em alta nas próximas semanas. Mas os investidores devem estar preparados para uma possível reviravolta, caso o Fed adote uma postura mais rígida do que o mercado espera.