Os juros futuros encerraram a quarta-feira (4) com movimentos opostos: taxas curtas e intermediárias subiram, enquanto as longas caíram levemente. A leve desinclinação da curva refletiu a forte queda nos rendimentos dos Treasuries, após dados fracos dos EUA aumentarem as apostas em uma postura mais dovish do Federal Reserve.
O DI para janeiro de 2026 fechou a 14,830% (ante 14,808%), e o de 2027 subiu para 14,21%. Já os vértices mais longos recuaram: 13,60% para 2029 e 13,72% para 2031. O alívio externo, porém, foi limitado pelas incertezas locais — ainda sem definição concreta sobre a substituição do IOF.
Nos EUA, o ISM de Serviços entrou em território contracionista e o relatório ADP veio muito abaixo do esperado. O mercado elevou a chance de corte de juros em junho para 30%. A T-Note de 10 anos caiu mais de 10 pontos-base, tocando 4,35%.
No Brasil, a ausência de um plano crível para compensar o IOF ampliou o desconforto entre os agentes do mercado. Apesar de rumores sobre alternativas, nada de concreto foi apresentado até agora, o que eleva a percepção de risco fiscal. A sinalização oficial tem oscilado entre discursos de serenidade e alertas sobre colapso nas finanças públicas, o que só aumenta a incerteza nos preços dos ativos.
Apesar do cenário instável, o Tesouro Nacional aproveitou a janela favorável no exterior e lançou bônus de 5 e 10 anos em dólares, com forte demanda — acima de US$ 10 bilhões — mesmo após a Moody’s revisar a perspectiva da nota de crédito do Brasil de positiva para estável.
Entre os sinais vindos do Fed e o ruído fiscal doméstico, o mercado segue atento aos próximos dados de atividade e à comunicação do governo, que serão determinantes para o rumo da política monetária nos próximos meses.