A Opep+ aprovou neste sábado (31) um novo aumento na produção de petróleo, adicionando mais 411 mil barris por dia a partir de julho. É o terceiro mês consecutivo de ampliação da oferta, em uma mudança clara de estratégia que busca reconquistar espaço no mercado, mesmo à custa da queda dos preços.
A decisão, liderada pela Arábia Saudita, foi tomada apesar da resistência de países como Rússia, Argélia e Omã. O grupo agora mira em três objetivos principais: punir membros que desrespeitam suas cotas, como o Iraque e o Cazaquistão; conter a expansão do petróleo de xisto nos Estados Unidos; e responder à pressão de Washington por combustíveis mais acessíveis.
A aposta na queda de preços, no entanto, cobra seu preço. O petróleo Brent gira em torno de US$ 64, valor distante do patamar necessário para equilibrar as finanças de países como a Arábia Saudita — que, segundo o FMI, precisa de mais de US$ 90 por barril para sustentar projetos ambiciosos como a cidade futurista de Neom. Com o déficit fiscal crescendo, o reino já teve que cortar investimentos estratégicos.
Nos Estados Unidos, o setor de xisto também sente os efeitos. Empresas como a Diamondback Energy já admitem ter atingido o pico de produção, apesar do discurso político otimista.
Analistas indicam que a decisão pode encontrar respaldo nos fundamentos de mercado. Estoques globais estão baixos, e a demanda tende a crescer no verão do hemisfério norte, além do aumento de consumo interno nos países produtores por conta do calor extremo. Ainda assim, o risco de desequilíbrio preocupa: projeções do JPMorgan indicam que o Brent pode recuar para a faixa dos US$ 50, caso a oferta continue superando a demanda.
Com esse novo passo, a Opep+ reativa mais da metade dos 2,2 milhões de barris por dia suspensos nos últimos anos. A grande questão agora é com que ritmo o restante dessa produção será retomado e quais serão os impactos sobre os mercados globais.