A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira, 22 de maio de 2025, um dos pacotes fiscais mais controversos dos últimos anos. Batizado de “One Big Beautiful Bill”, o projeto do presidente Donald Trump passou por uma margem mínima: 215 votos a favor e 214 contra.
O pacote prevê cortes de impostos, incentivos fiscais temporários e mudanças no sistema tributário, mas gera forte preocupação nos mercados. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), a medida adicionará cerca de 3,8 trilhões de dólares à dívida pública americana nos próximos dez anos.
Entre os principais pontos do projeto estão:
Tornar permanentes os cortes de impostos de 2017.
Isenção de impostos sobre gorjetas e horas extras de 2026 a 2028.
Aumento do crédito tributário infantil, de 2.000 para 2.500 dólares até 2028.
Ampliação do teto de dedução de impostos (SALT) para 40 mil dólares, válido para famílias com renda de até 500 mil dólares.
Corte de 700 bilhões de dólares em programas sociais, como Medicaid e SNAP, com exigência de trabalho para os beneficiários.
A reação dos mercados foi imediata. A aprovação elevou o risco fiscal dos EUA, derrubou bolsas na Europa e na Ásia, fortaleceu o dólar frente a moedas emergentes e aumentou a busca por ativos de proteção, como ouro e Treasuries.
O cenário reacendeu os debates sobre sustentabilidade fiscal em economias desenvolvidas e seus impactos nas taxas de juros, liquidez global e mercados emergentes.
Apesar da vitória na Câmara, o projeto ainda precisa passar pelo Senado, onde enfrenta resistência, inclusive de alas republicanas. Caso avance sem grandes alterações, os mercados deverão precificar uma nova curva de juros de longo prazo nos EUA, além de revisar as projeções para crescimento, inflação e câmbio.
O pacote representa um marco na política econômica americana. De um lado, estimula consumo e atividade. De outro, eleva substancialmente os riscos fiscais, com potenciais efeitos sistêmicos para os mercados globais.
Os investidores precisam estar atentos. Esse movimento não é isolado e pode desencadear ajustes relevantes nas expectativas de juros, fluxo cambial, commodities e ativos de risco em todo o mundo.