Câmbio Brasil
Curva de Juros Dispara: Quando o Banco Central Vai Cortar a Selic?
Ata do Copom, dados do IBGE e Treasuries em alta adiam expectativas de alívio monetário.
14/05/2025 19h27
Por: Vitor Ferreira

Os juros futuros voltaram a subir nesta quarta-feira (14), com destaque para os contratos a partir de 2027. A movimentação reflete três vetores principais: aquecimento do setor de serviços, percepção de que a Selic permanecerá elevada por mais tempo e avanço dos Treasuries nos Estados Unidos.

O DI para janeiro de 2026, um dos contratos mais líquidos, avançou para 14,805%, ante 14,79% na sessão anterior. O contrato para janeiro de 2028 subiu 14 pontos-base, para 13,67%. Já os vértices de 2031 e 2033 encerraram a 13,81% e 13,86%, respectivamente.

A ata do Copom reforçou a leitura de que o Banco Central tende a postergar o início do ciclo de cortes. Para Rafael Sueishi, da Manchester Investimentos, “as apostas de cortes ainda em 2025 praticamente sumiram; o foco agora está no segundo trimestre de 2026”.

Os dados do IBGE também influenciaram: o setor de serviços cresceu 0,3% em março, abaixo da expectativa (0,4%), mas com revisão positiva de fevereiro (0,9%). Foi o segundo mês seguido de alta, apontando resiliência da atividade e possível pressão inflacionária.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries contribuíram para a reprecificação da curva. O título de dois anos subia para 4,057% e o de dez anos, referência global, atingia 4,536%.

O mercado segue dividido sobre a próxima decisão do Copom. A curva precificava 49% de chance de manutenção da Selic e 51% de alta de 25 pontos-base. Já as opções de Copom indicavam 62,25% para estabilidade, 30,25% para alta de 25 pontos-base e 5,50% para 50 pontos.

No campo fiscal, o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o governo manterá bloqueios orçamentários para garantir o cumprimento do arcabouço. O relatório bimestral das contas públicas será divulgado na próxima semana, podendo indicar novos cortes de despesas.

Diante desse cenário, o mercado adota postura mais cautelosa, monitorando os sinais de atividade doméstica e as condições externas, enquanto recalibra o horizonte para mudanças na política monetária.