Em um movimento inesperado, Estados Unidos e China anunciaram a suspensão temporária de parte significativa das tarifas recíprocas, em uma trégua de 90 dias a partir de 14 de maio. O alívio veio mais rápido e foi mais profundo do que o mercado previa, reduzindo a tarifa efetiva dos EUA de 107% para cerca de 40% sobre produtos chineses, segundo o Morgan Stanley.
Mais do que o anúncio em si, o fator surpresa na intensidade e no timing da medida foi o que impulsionou os mercados. Bolsas globais reagiram com forte alta, refletindo o alívio nas tensões e a expectativa de reequilíbrio nas cadeias globais de suprimentos.
Com o alívio tarifário, analistas projetam uma aceleração da atividade industrial e aumento nas exportações chinesas. A expectativa é que o PIB do segundo trimestre supere os 4,5% previstos, com possibilidade de estabilidade acima dos 4% no trimestre seguinte.
Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management, classificou o corte como “melhor do que o esperado”, ressaltando o impacto positivo imediato para as duas economias e para o comércio global.
Apesar da euforia inicial, o Morgan Stanley alerta que a disputa estrutural entre Washington e Pequim continua sem resolução. Ainda assim, o anúncio marca uma mudança de postura: os dois países estabeleceram um mecanismo permanente de consultas, liderado por autoridades dos dois lados, com foco em manter o diálogo aberto.
Para o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, “ambos defenderam bem seus interesses nacionais” e o compromisso agora é com um comércio mais equilibrado.
A reação foi imediata: bolsas em alta, valorização de moedas emergentes e maior apetite por risco. O mercado vê a trégua como uma oportunidade para retomada do crescimento global no curto prazo. No entanto, investidores seguem atentos — a suspensão tem data para acabar e as diferenças estruturais entre os dois países seguem vivas. O foco agora se volta à durabilidade do novo canal de diálogo e aos próximos desdobramentos da agenda comercial.