O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (7) em alta de 0,95%, aos 121.162 pontos, impulsionado por um movimento de recuperação em ações ligadas a commodities e bancos. No entanto, o volume de negócios, de R$ 21 bilhões, ficou abaixo da média dos últimos 50 pregões, indicando que o mercado ainda opera com certa cautela.
A valorização do índice ocorre em um momento de crescente preocupação com a política monetária, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e com o cenário fiscal brasileiro, que segue sendo um ponto de atenção para investidores.
Os vértices longos da curva de juros brasileira encerraram em alta de até 15,5 pontos-base, revertendo a trajetória de queda registrada nos últimos dias. O movimento foi influenciado por declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além do desempenho das Treasuries de 10 anos nos Estados Unidos, que atingiram o maior patamar desde maio.
Já o dólar futuro fechou o dia em leve queda de 0,19%, cotado a R$ 6,130. A moeda americana reduziu as perdas ao longo do dia, acompanhando o movimento de apreciação global do dólar, refletido pelo índice DXY, que subiu 0,21%, encerrando a 108,5 pontos.
A arrecadação federal registrou alta de 11,2% em novembro na comparação anual, somando R$ 209,2 bilhões. No acumulado de 2024, a arrecadação totaliza R$ 2,39 trilhões, um avanço de 9,82% em relação ao mesmo período de 2023.
Apesar do aumento na arrecadação, o déficit nominal do Brasil, próximo de 9% do PIB, é motivo de preocupação. A Alpine Macro rebaixou sua recomendação para ativos brasileiros, afirmando que o país está preso em uma "mini tempestade financeira", com riscos de piora antes de uma eventual recuperação.
O Morgan Stanley revisou sua projeção para a taxa Selic terminal, estimando que o ciclo de aperto monetário no Brasil pode atingir 15,75%, acima da previsão anterior de 14,50%. O banco de investimentos também prevê que o Copom realizará novas altas de juros nas cinco primeiras reuniões de 2025, postergando um corte de taxas para o segundo trimestre de 2026.
Essa expectativa reflete o cenário de inflação elevada e crise fiscal, que dificulta uma política monetária mais flexível.
Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que o governo está comprometido com as metas fiscais e que o Brasil surpreenderá positivamente em 2025. Ele destacou que o presidente Lula respeitará a autonomia do Banco Central, uma mensagem importante para tranquilizar os mercados.
Contudo, Haddad evitou detalhar novas medidas fiscais, o que mantém o mercado em alerta sobre a capacidade do governo de cumprir suas promessas diante do cenário de déficit elevado e crescimento econômico moderado.
Apesar da alta do Ibovespa, o mercado financeiro brasileiro continua enfrentando desafios. A combinação de juros elevados, crise fiscal e incertezas políticas mantém os investidores em alerta.
Enquanto o governo busca reforçar sua credibilidade junto ao mercado, a perspectiva de que o ciclo de alta da Selic ainda não chegou ao fim e a possibilidade de deterioração fiscal colocam o Brasil em uma posição delicada.
O caminho para 2025 exigirá um equilíbrio cuidadoso entre política monetária, crescimento econômico e ajuste fiscal para evitar que a "mini tempestade financeira" se transforme em um problema ainda maior.