As ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor novas tarifas recíprocas globais já na próxima semana podem ter um efeito negativo significativo sobre a economia do Reino Unido, segundo estimativas divulgadas pelo Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) britânico nesta quarta-feira (27).
De acordo com o órgão fiscal independente do governo britânico, caso os Estados Unidos implementem um aumento recíproco de 20 pontos percentuais em tarifas sobre todos os parceiros comerciais, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido poderá ser 1% menor do que o previsto no ano de pico do impacto, 2026-27.
O relatório também aponta que o impacto fiscal seria severo: quase toda a reserva orçamentária do governo britânico seria eliminada, já que a receita extra com tarifas seria mais do que compensada pela queda na arrecadação de impostos sobre renda, consumo e lucros corporativos.
Trump tem promovido a proposta como um "Dia da Libertação" da economia americana, justificando as medidas como uma forma de reduzir o déficit comercial dos EUA, estimado em US$ 1,2 trilhão, e alinhar as tarifas americanas às de outros países.
Diante da escalada, o governo britânico intensificou negociações com Washington na tentativa de evitar que o Reino Unido seja atingido pelas novas medidas. O primeiro-ministro Keir Starmer conversou com Trump nesta semana, enquanto o ministro de Negócios, Jonathan Reynolds, esteve em Washington no início do mês com o mesmo objetivo.
O OBR destacou ainda que o Reino Unido, por ser uma das economias mais abertas ao comércio exterior no G20, estaria entre os países mais vulneráveis a uma guerra comercial em larga escala. Em caso de aplicação das tarifas, a inflação britânica também seria impactada, subindo cerca de 0,6% já no próximo ano fiscal, devido à alta nos custos de importação de produtos americanos.
Desde que reassumiu a presidência, Trump tem adotado uma postura agressiva e imprevisível em relação às tarifas, com anúncios, adiamentos e recuos muitas vezes feitos horas antes dos prazos finais, segundo o próprio OBR, o que tem dificultado a preparação de outros países para os impactos econômicos.