Os investidores em títulos do Tesouro dos EUA estão ajustando suas estratégias diante da incerteza econômica e da postura do Federal Reserve (Fed) em relação às taxas de juros. À medida que os riscos de uma recessão aumentam, muitos estão expandindo a duração de seus portfólios de renda fixa, antecipando um ciclo mais profundo de cortes de juros do que o previsto anteriormente.

A recente Pesquisa de Clientes do Tesouro do JP Morgan revelou que os investidores mantêm a maior posição líquida longa em títulos do Tesouro desde 2010. Esse movimento reflete uma busca por segurança, mas também pode indicar uma recuperação técnica dos rendimentos no curto prazo, devido ao nível extremo de sobrecompra no mercado.

Os temores de recessão são impulsionados pelo escalonamento das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, que aumentam a incerteza para empresas e consumidores. O mercado precifica aproximadamente 62 pontos-base de flexibilização para 2025, com dois cortes de 25 pontos-base cada esperados, sendo o primeiro em junho. Essa previsão permanece inalterada desde a última reunião do Fed em janeiro.

Na reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (FOMC), os investidores esperam que o presidente do Fed, Jerome Powell, mantenha uma postura cautelosa, sinalizando que o banco central não tem pressa em reduzir as taxas devido à resiliência da economia dos EUA. Além disso, o mercado aguarda a atualização das projeções econômicas do Fed e o novo "dot plot", que indicará a trajetória esperada para os juros nos próximos anos.

O dot plot de dezembro previa dois cortes de juros em 2024, deixando a taxa dos fundos federais em torno de 3,9%. Desde então, os dados de inflação vieram acima do esperado, enquanto o mercado de trabalho continua robusto, o que pode influenciar as decisões do Fed.