Os principais índices de Wall Street operam nesta segunda-feira em território positivo, impulsionados por dados econômicos mistos e expectativas para a decisão de juros do Federal Reserve. No entanto, o impacto das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump continua sendo uma preocupação para investidores, elevando temores de uma recessão induzida pela guerra comercial.
Os dados de vendas no varejo dos EUA mostraram uma recuperação de 0,2% em fevereiro, após uma queda revisada de 1,2% em janeiro, mas ficaram abaixo das projeções de 0,6% dos economistas. Além disso, um relatório do Departamento de Comércio apontou que a atividade fabril no estado de Nova York registrou sua maior queda em quase dois anos, com novos pedidos despencando e os custos de insumos subindo no ritmo mais acelerado desde 2022.
No final de semana, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou em entrevista que "não há garantias de que os EUA escaparão de uma recessão", ampliando as preocupações sobre uma desaceleração econômica. Sua declaração ocorreu em um momento em que o presidente Donald Trump reafirmou que não haverá isenções para tarifas sobre aço e alumínio, com novas tarifas recíprocas e setoriais previstas para entrar em vigor em 2 de abril.
Apesar das incertezas, o mercado se beneficiou de dois relatórios positivos sobre a inflação, que estimularam um movimento de compra na sexta-feira, levando o S&P 500 e o Nasdaq aos seus maiores ganhos diários desde 6 de novembro.
Entre as ações de tecnologia, Intel (INTC.O) avançou 4,9% após um relatório indicar que o CEO Lip-Bu Tan está considerando mudanças significativas em fabricação de chips e estratégias de inteligência artificial. Já Tesla (TSLA.O) recuou 2,7%, após a corretora Mizuho rebaixar sua meta de preço para as ações da montadora de veículos elétricos.
Outras big techs tiveram desempenho misto: Microsoft (MSFT.O) e Apple (AAPL.O) subiram 0,1% cada, enquanto Nvidia (NVDA.O) caiu 0,4% e Amazon (AMZN.O) perdeu 0,3%.
No setor de energia, os estoques acompanharam a alta do petróleo, com o índice S&P 500 Energy subindo 1,2%.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para baixo sua previsão de crescimento global, citando os efeitos negativos das tarifas de Trump sobre o Canadá, México e os próprios Estados Unidos. A entidade alertou que uma escalada na guerra comercial pode ampliar a desaceleração econômica global e elevar ainda mais a inflação.
Na semana passada, os principais índices de Wall Street registraram perdas sucessivas: o S&P 500 e o Nasdaq marcaram seu quarto declínio semanal consecutivo, enquanto o Dow Jones caiu cerca de 8% em relação à sua máxima histórica, aproximando-se do território de correção.