A OPEP e seus aliados estão diante de uma decisão crucial: afrouxar os limites de produção de petróleo conforme planejado ou adiar novamente a medida para sustentar os preços. Atualmente, a aliança, que inclui grandes produtores como a Rússia, retém 5,85 milhões de barris por dia (bpd) – cerca de 5,7% da demanda global – após sucessivos cortes desde 2022.
Inicialmente prevista para abril, a reversão de 2,2 milhões de bpd já foi adiada cinco vezes devido à demanda enfraquecida e ao aumento da produção global. O cenário não deve melhorar no curto prazo, especialmente com a crescente tensão comercial entre os EUA e outras grandes economias. Além disso, o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona a Arábia Saudita para reduzir os preços do petróleo, ao mesmo tempo em que negocia com Vladimir Putin um possível cessar-fogo na Ucrânia, o que pode levar ao relaxamento das sanções à produção russa.
Embora a OPEP+ tenha conseguido manter relativa estabilidade nos mercados nos últimos anos, sua fatia de mercado tem diminuído com o avanço de produtores independentes, especialmente nos EUA, onde a produção de petróleo de xisto disparou. Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), a produção americana deve atingir um recorde de 13,6 milhões de bpd em 2025, com o crescimento sendo liderado também pelo Canadá, Brasil e Guiana.
Internamente, o grupo enfrenta tensões. O Cazaquistão, por exemplo, expandiu a produção do campo de Tengiz para 1 milhão de bpd quatro meses antes do previsto, o que pode exigir cortes severos para cumprir suas cotas. A Nigéria também aumentou sua produção, e os Emirados Árabes Unidos ampliaram sua capacidade para 5 milhões de bpd, apesar da cota atual de 3,2 milhões de bpd.
Com a oferta global crescendo mais rapidamente que a demanda – que deve aumentar apenas 1,1 milhão de bpd em 2025, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) – a OPEP+ precisa equilibrar sua estratégia. Manter os cortes por mais tempo pode irritar Trump e prejudicar a credibilidade do grupo, enquanto elevar a produção pode desencadear uma queda nos preços do petróleo.
Diante desse impasse, a decisão final pode envolver mais um adiamento na reversão dos cortes, uma estratégia que, apesar de conter o impacto nos preços, pode enfraquecer ainda mais o controle da OPEP+ sobre o mercado global.