A Ucrânia chega ao terceiro ano da invasão russa em um momento de grande incerteza, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump intensifica a pressão por um cessar-fogo. O mercado financeiro reflete essa tensão, com os títulos ucranianos registrando alta recente, impulsionados pela perspectiva de um acordo de paz. No entanto, a mudança de postura de Trump, que agora chama Zelenskiy de "ditador" e excluiu a Ucrânia das negociações com a Rússia, gera receios sobre o futuro do financiamento ocidental ao país. O impacto de um possível corte nos recursos dos EUA pode ser significativo, já que Moscou controla quase 20% do território ucraniano, e a economia ucraniana segue fragilizada, com um PIB estimado em US$ 179 bilhões em 2023.
Na Alemanha, os mercados reagiram positivamente à vitória do conservador Friedrich Merz, que agora busca formar uma coalizão de governo. Os investidores monitoram possíveis mudanças na política fiscal do país, especialmente no "freio da dívida", que limita o déficit estrutural a 0,35% do PIB. Com os gastos com defesa se tornando uma prioridade, cresce a expectativa por reformas que possam impulsionar o crescimento econômico alemão. Entretanto, o avanço da extrema direita e da esquerda radical pode dificultar mudanças constitucionais necessárias para flexibilizar as restrições fiscais.
No setor de tecnologia, a Nvidia enfrenta um teste crucial com a divulgação de seus resultados trimestrais. A fabricante de chips sofreu uma queda recorde no valor de mercado no mês passado, após a startup chinesa DeepSeek apresentar um modelo de IA disruptivo. A recuperação das ações será colocada à prova, especialmente diante da concorrência crescente e da volatilidade do setor de tecnologia. Além disso, os mercados aguardam novos dados sobre inflação nos EUA, com a divulgação do índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE) em 28 de fevereiro, que pode influenciar as expectativas sobre cortes de juros pelo Federal Reserve.
A atenção também se volta para novas ameaças tarifárias de Trump, que têm tido impacto reduzido nos mercados. Estudos mostram que, enquanto em 2018 a guerra comercial explicava até 40% da volatilidade das ações, hoje esse número caiu para apenas 2%. A percepção dos investidores é de que há um grande descompasso entre as ameaças e a efetiva implementação de tarifas, o que reduz a influência dessas declarações nas decisões de mercado.
Nos mercados asiáticos, a expectativa gira em torno dos dados de inflação do Japão e da Austrália. O iene segue valorizado com as crescentes apostas de que o Banco do Japão pode elevar as taxas de juros antes do esperado, caso os números de inflação mostrem uma pressão contínua nos preços. O Banco Central da Austrália, por sua vez, avaliará os dados inflacionários de quarta-feira para determinar sua política monetária nos próximos meses.