A inflação no Reino Unido registrou um novo pico em janeiro, alcançando seu maior nível em 10 meses, o que reforça as pressões sobre os preços e faz o Banco da Inglaterra (BOE) adotar uma postura mais cautelosa antes de reduzir as taxas de juros. Dados a serem divulgados na quarta-feira indicam um aumento de 2,8% no Índice de Preços ao Consumidor (CPI) em relação ao ano anterior, impulsionado pelo crescimento das mensalidades de escolas particulares e pela reversão de fatores voláteis que haviam reduzido a inflação em dezembro.
A persistência da inflação em um cenário de estagnação econômica preocupa o BOE, que prevê que a alta nas contas de energia possa elevar a inflação ao consumidor para 3,7% ainda este ano. Embora dois membros do comitê tenham defendido um corte agressivo de 0,50 ponto percentual nas taxas de juros na última reunião do Banco Central, a maioria dos dirigentes ainda opta por uma abordagem mais conservadora para evitar riscos.
Um dos principais focos de atenção é o aumento da inflação nos serviços, que deve saltar de 4,4% para 5,2%. Esse avanço é impulsionado por componentes voláteis, como tarifas aéreas e o aumento das mensalidades das escolas privadas, após o governo trabalhista aplicar o imposto sobre valor agregado (IVA) ao setor.
Além da inflação, o mercado de trabalho britânico será um dos destaques da semana. Dados previstos para terça-feira devem revelar que o crescimento dos salários, sem contar bônus, subiu para 5,9% no quarto trimestre, ante 5,6% no período anterior. Apesar dos sinais de desaquecimento no mercado de trabalho, as pressões salariais ainda são elevadas, dificultando a convergência da inflação para a meta de 2% do BOE.
Com a economia britânica enfraquecida, especialistas ainda preveem que o BOE seguirá adiante com cortes graduais de juros. A expectativa é de três reduções de 25 pontos-base ao longo de 2025.